7.9.11
Farsa Primaveril
No Escuro Séquido Arenoso Daquela terra vermelha Que se embrenha Nos cantos, nas ventas No solado dos tênis Made in China No painel do carro Eu, cigarra, espero Minha rabeca alada, espera O tempo, espera Há quem viva na espera Meu coração incerto E insético e asceta Matamorfeia Feio alien - Tocarei Van Hallen Setembro escalda Eu encerrado no cerrrado Sou dependência da espera E a espera é destino às vezes Há quem more na espera... E veio você incauta fingindo ser gota disfarçada de umidade mentirosa água chuva enganosa Era o sinal: Me fez sorrir! Me fez sair, Do berço esplêndido: Tocarei o Hino! Lá debaixo, nem sabia da noite Cavei, Arrastei a casca vítrea Eclodi pronto Enfim, o esperado show do amor Um voo troncho Apressado, sem GPS Escuro, onde está todo mundo? CadêêêÊÊÊêêêÊÊÊ vOcÊÊÊêêê...? Soltei 80 decibéis CadêêêÊÊÊêêêÊÊÊ vOcÊÊÊêêê...? Gritei 100 decibéis CadêêêÊÊÊêêêÊÊÊ vOcÊÊÊêêê...? Esgoelei 120 decibéis Tomei fôlego de ar seco Reza a lenda Repetida por minha mãe que acima disso Explodem as cigarras Silenciei a rabeca Engoli o choro seco Não vi flor Não havia verde Não vi você Só um mar de folhas Dispostas impressionistas No chão e prédios de galhos secos Troquei de espera Depois da sua farsa primaveril Fica a secura Foram-se as lágrimas Esturricaram-se asas Depois os fluídos corporais Ficou a casca Não toquei Van Hallen nem o Hino Não a vi Não há vida Há quem morra na espera Sou a casca |