25.11.03

 

Poema da Vendedora de Brincos

Na mesa de plástico
De casaco verde e jeans
Ela toma coragem
No líquido gelado
Para caminhar mesas
E olhares, indiferenças
Vendendo vaidades brilhantes
Para orelhas
Que não a ouvem...

11/2003

Tipo Exportação

Pô, carái, véi, fí!
Não dê mole pro azar
Que um tal de José Murphy
Vem aqui para desfilar

Não trampou essa semana
Vive sonhando com o Greencard
Limpar latrina americana
E comer bacon no jantar

Com esse sotaque calango
Tu não vai zooropizar
E por aqui tem muito santo
Disputando o mesmo altar

Vê se funda uma ONG
Pra se reabilitar
Os brazucas passam fome
No país dos Carcarás

Carcará! Pega, mata e come!

11/2003

Face à face

Tudo começa com a face...
Mas eu me lembrei
Já te vi antes
No fim da tarde
O profeta deu um passe

Tudo começa com a frase...
- O meu nome é Sidnei
Virou a cachaça, delirante
Cantou uns versos em voz forte
- O tempo manda, não se atrase!

Aquele surrado rosto
Era mais um na multidão
Dos enlouquecidos e esquecidos
Que temos dentro da gente
Como um espelho tosco

E no profeta eu me via
Pela voz dele, eu gritava
Aguardente na garganta
Que era minha
E que não embriagava

Era tudo sintonia
E ele nem ali estava
O que muito mais espanta
Eu aprendia
E ele nem falava!

06.09.2003

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