29.11.02
ESBARRÃO
Se eu esbarrar contigo na rua
espero não colidir
como fazem mateoritos incautos
nem passar ao largo
como fazem cometas apressados...
quero ter tempo
de o tempo parar
só por um instante
o tempo bastante
de me ver no seu olhar
Se eu esbarrar contigo na rua
espero não me afogar
como se afogam os foliões
na turba frenética, em blocos
querendo o não vivido
antes das cinzas anunciadas...
Quero ser lento,
quero pairar
mudar de quadrante
negar o distante
na tua boca, desembocar
O NÃO-CONTIDO
O poeta brinca de viver Ludmila
cultiva rosa atenuada, sem espinho
e para fazer crer aquela que vacila
transformorfiza pura água em doce vinho
Não se preocupe, portanto, por tão pouco
prestidigítico, cenário, ilusionismo
sou mais mágico-poeta que louco
e abdico ao confortável conformismo
E antes extravasar, parecer transformante
orvalhante e encasulado, do que contido
tudo que for para alegrar que se cante
e o que for para encantar que seja lido!
Eric Germano – 28-11-02