11.10.02
SOBRE ÓLEOS
Tem dias que me sinto enterrado
em paredes, micros, horas, cadeiras
E apesar de estar vitrificado
cresço como o fazem as videiras
Eventualmente, um mar traiçoeiro
de invejas, ciúmes, mesquinharia
Faz de mim um pobre estrangeiro
Perco a língua, não há moradia
Às vezes o ar fica rarefeito,
o respirar não é puro instinto
Roxo assim, penso um jeito
de expulsar o ruim que sinto
Raramente, sinto-me arder
em incêndios de paixões delirantes
Mas quando não espero acontecer
Me consomem azeites escaldantes
17.06.99