29.11.02
ESBARRÃO
Se eu esbarrar contigo na rua
espero não colidir
como fazem mateoritos incautos
nem passar ao largo
como fazem cometas apressados...
quero ter tempo
de o tempo parar
só por um instante
o tempo bastante
de me ver no seu olhar
Se eu esbarrar contigo na rua
espero não me afogar
como se afogam os foliões
na turba frenética, em blocos
querendo o não vivido
antes das cinzas anunciadas...
Quero ser lento,
quero pairar
mudar de quadrante
negar o distante
na tua boca, desembocar
O NÃO-CONTIDO
O poeta brinca de viver Ludmila
cultiva rosa atenuada, sem espinho
e para fazer crer aquela que vacila
transformorfiza pura água em doce vinho
Não se preocupe, portanto, por tão pouco
prestidigítico, cenário, ilusionismo
sou mais mágico-poeta que louco
e abdico ao confortável conformismo
E antes extravasar, parecer transformante
orvalhante e encasulado, do que contido
tudo que for para alegrar que se cante
e o que for para encantar que seja lido!
Eric Germano – 28-11-02
22.11.02
SEREIA DO PLANALTO
Onde há mar,
maravilhas há!
Onde amar?
Nas ondas do mar!
Ondas sonoras,
ondas de amores
ondas de Bulcão
Onde moras?
Ondulantes cabelos
voam no terral
E a sereia
ensaia o canto
do medo, da paixão
afogamento
no êxtase abissal
22-11-2002
14.11.02
Questão de Referencial
Uma semana é muito
para uma mosca,
mas é pouco
para uma estrela...
e eu vou ficar moscando
enquanto espero revê-la
14-11-2002 Eric Germano
11.11.02
Do Espaço
O astuto Astronauta
apaixonado
pela terráquea Internauta
nem quer saber de vias lácteas
galáxias, super-novas, planetas
constelações, meteoros, cometas,
solares raios
ultra-violetas
Olha para a Terra
boiando, azulada
e sonha... com as viagens
no céu da boca
da amada
11-11-2002